O texto abaixo foi escrito pelo meu irmão, Rômulo. Há uns anos atrás engatamos em uma conversa acerca desse assunto, eu havia lido um texto sobre a evolução do design de bicicleta, e como o Rômulo é um apaixonado por bikers começamos um papo que durou horas...o interessante é que ele além de grande conhecedor do universo das bicicletas, também as utiliza como ciclista e triatleta, além de saber montar uma de olhos fechados, então segue o texto dele.
Quando eu era garoto, tive contato com alguns esportes que até hoje me motivam em muitas coisas , o triatlo e o ciclismo me chamaram muito a atenção principalmente por causa do material e desenho utilizado nas bicicletas. No final dos anos 80 e início dos 90 tínhamos bicicletas volumosas, julgavam-se permanentes, que nunca sairiam de moda.Mas isso era devido ao seu desenho inovador, em sua maioria feitas em fibra de carbono,Tínhamos várias marcas apostando nesse “novo” conceito, pois bem, após essa
Empolgação - já que as bicicletas não “funcionavam” satisfatoriamente - muitos críticos e especialistas criticavam muito essa postura pois se dizia que quem as fabricavam estavam procurando com a estética sem se preocupar com a performance ou conforto.
As equipes profissionais não adotaram essas “dream bikes” e as vendas despencaram e elas simplesmente pararam de serem fabricadas e isso reforçou algumas marcas que não se renderam a essa tendência e afundaram algumas que apostaram “tudo” nisso. Em meados dos anos 90, um material utilizado até então com muita freqüência e muito sucesso era o Aço (cromo-molibidênio), porém pouco maleável e nada atrativo
esteticamente, dava espaço a materiais como titânio e alumínio que com muito estudo se chegava a um patamar mecânico que duraria no mínimo uma década de hegemonia.
Tubos redondos em gota , hidroformados (mais recente) , no início dos anos 2000
todo pelotão profissional de ciclismo e triatlon usavam esse material porém sem muitas novidades estéticas. Assim como o titânio sendo um material muito caro e de qualidades mecânicas difíceis de serem trabalhadas era deixado um pouco para trás
por grande quantidade de fabricantes.
Então chegamos ao verdadeiro “significado” disso tudo, de 2004 pra cá vemos o ressurgimento da fibra de carbono e suas formas maravilhosas, hoje em dia temos muitos tipos de malha de fibra, a nanotecnologia está sendo empregada em todo esse processo, hoje 100% das marcas competitivas tem pelo menos um modelo desse material em sua linha.
Diante desses dados históricos, proponho alguns questionamentos, para uma reflexão:
1)Esses designs inovadores seriam um novo apelo das fábricas para as vendas explodirem de novo ?
2)E a usabilidade como fica nisso tudo ?
3)Ou seria um “fetishe” usar uma bike de última geração ?
4)E as fábricas que não se rendem a esse “design inovador” ?
5)Qual o papel do design desse caso, inovador ou sedutor ?
Não querendo induzir ninguém, mas provocar o debate, as minhas respostas seriam:
1 , Das empresas grandes e que tem um trabalho reconhecido, não acredito no apelo
Somente , o que acho é que empresas com menos nomes pegaram carona e lançaram bikes realmente muito bonitas e oferecendo o que o cliente precisa mas se paga um preço alto e não se sabe se funcionará bem , seria uma releitura da década de 80/90 ?
2, Não vejo sentido no design sem ser usual , na minha humilde opinião as coisas tem que andar junto , não digo em relação ao mercado, mas sim em relação mecânica .Existem marcas que unem isso tudo ? Sim existem.
3, Também é .
4 , Quem não se rendeu é porque tem algo muito melhor a oferecer, o grande exemplo disso é a fábrica italiana Colnago , que segue o desenho de sua “top bike” desde sua criação pelo mestre Ernesto Colnago desde 1932 , fez sua primeira bicicleta de fibra de carbono em 1989 em parceria com a Ferrari um projeto que começou em 1986 , e apenas 3 gerações , poucas mudanças e sempre tubos redondos e finos , com alguns detalhes é claro , dizem que para 2009 está saindo do forno sua primeira bicicleta da linha racing com tubos ovais para contra-relógio.É aguardar.
5, essa é pra vocês responderem...
Rômulo Sarmento Nogueira