sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Igual a pinto no lixo


Quando e era garoto, ou melhor adolescente, vivia conversando com meus amigos a respeito das questões raciais aqui do Brasil e dos Estados Unidos. De vez em quando surgia a questão sobre um presidente negro nos Estados Unidos, lembro de alguns filmes de ficção em que o líder interplanetário, ou o presidente do maior país do mundo era negro, e ficávamos elocubrando a respeito deste assunto e varávamos a noite no bar escritório conversando sobre isso e muito mais. Na maioria das vezes a expectativa era pessimista, achávamos que nossos netos um dia poderiam presenciar este momento, mas nós, nem nos pensamentos mais otimista víamos tal possibilidade.
Pouca gente se interessa por essas questões raciais, muitos fingem que não vêem, que não existe, mas é um problema que machuca muita gente, que exclui, que define o sujeito através de sua cor e não do seu caráter. Dizer que não é racista é fácil, o difícil e exercitar o “aceitamento” do outro, não ligar se o outro é branco, preto, amarelo ou azul, mas que o outro é igual a você.
No Brasil se faz piada o tempo todo a respeito disso, todos acham graça. De um tempo pra cá resolvi que não presto mais atenção em piadas de cunho racista, de opção sexual, ou religiosa, percebi que essas piadas “inocentes” são na verdade um grande construtor de um inconsciente coletivo que danifica nossa sociedade e exclui da mesma pessoas sérias, trabalhadoras e que por serem “diferentes” de um padrão - tido como o ideal - não participam das decisões do nosso dia-dia, não vão à escola, não tem o direito de sonhar, não tem em que se espelhar. Hoje no Brasil vivemos em uma sociedade que pune com a indiferença os ditos diferentes, que premia os incompetentes agraciados com bons berços e em muito caso muita exploração, desapropriação e roubo.
A eleição de Obama, nos traz um ar, um novo ar, uma massagem no peito que vem com uma palavra baixinha no ouvido: esperança. A esperança de ver um mundo onde as pessoas não sejam definidas por sua cor e sim por seu caráter, como disse Luther King. O sonho de ver crianças negras, índias, japonesas, brancas brincando e podendo ter os mesmos sonhos, perspectivas, idealizações, de ir dormir e dizer quando eu crescer eu quero ser tal coisa, e ir em busca disso, e não ter o que muitas delas tem, o não de uma sociedade egoísta e preconceituosa.
Eu estou feliz igual a um pinto no lixo!!! Estou mesmo, não sei se Obama é isso tudo, mas sei que para muita gente ter um presidente negro na maior potência do mundo vai fazer muita diferença.

2 comentários:

Gustavo Scatena disse...

não tenho outra coisa a dizer a não ser: concordo plenamente!
heheheheeh
Mas acho que uma pomba no lixo é mais feliz que um pinto... hehehehe
realmente, esta eleição tem um peso simbólico e cultural muuuuito maior do que político!
parabés pelo post!

designetudomais disse...

concordo com você gustavo, menos na questão do pombo, tem mais pinto do que pombo em lixão, o pombo é mais fresco e seletivo,kkk